domingo, 28 de dezembro de 2008

Idéias Vagas

Pra quê tantas palavras bonitas?
Tão cheias de adornos?
Por que esse desejo-verso em demasia?
Versos que se moldam em meus contornos

Qual será o motivo desse feitiço recitado?
Versos, palavras e letras cheias de más intenções
Enganando minha razão, mergulhando-me em superstições
Figuras estáticas que, contraditoriamente, movem meus sonhos
Soando dos meus olhos num tom afinado
Perdidas no tempo, confundindo meus passos

E assim permaneço absorta em um mundo imaginário
Presa a versos cheios de vontade
Movidos por verdades surreais de liberdade
Que transformam meus pensamentos – no contrário

quinta-feira, 6 de novembro de 2008




Amizade ao acaso

Conhecer pessoas novas parece interessante
Gente de perto, da cidade próxima ou bem distante
Bom mesmo é a surpresa da descoberta
Encontrar uma mente brilhante numa “pessoa incerta”
(Risos)
E pra mim não basta falar por falar, conhecer por conhecer,
Como se fosse só mais um dado na lista de contatos
O que meus olhos buscam e minha mente deseja ter
É a amizade de uma “pessoa incerta”, mas de conteúdo “exato”

Dedico essa poesia a Jaum, "pessoa incerta", mas de bom coração... rsrsrs ---- riminha de criança né?

Confissão


Meus ombros estão pesados e meu lábio calado
Distraio com o vento, olho o vazio ao lado
O som do tempo parece estranho, um ensaio
Ensaio de uma vida-orquestra sem maestro
As estações são incertas, desespero confesso
Já não existe pôr-do-sol, pelo menos já não o vejo
E é com o nascer do sol o início do pesadelo
Embora o ar doce ainda invada meus alvéolos, em
desespero confesso,
Ainda existem fantasmas, medos, figuras saídas do espelho
Alucinações que perturbam meu sono com desmazelo
E eu que tropeço em palavras, clamando inspiração na madrugada
Só quero alguns versos, umas frases inventadas
Epifania de um desejo negado por deuses traiçoeiros
Faz minha vida ao avesso, fraqueza dos meus versos
Desespero confesso.

sexta-feira, 24 de outubro de 2008


10 Thing I Hate About You


Poema que foi recitado por kat na aula de literatura no final do filme. Ele é perfeito!


"Odeio o modo como fala comigo
E como corta o cabelo
Odeio como dirigi o meu carro
E odeio seu desmazelo
Odeio suas enormes botas de combate
E como consegue ler minha mente
Eu odeio tanto isso em você
Que até me sinto doente
Odeio como está sempre certo
E odeio quando você mente
Odeio quando me faz rir muito
Ainda mais quando me faz chorar...
Odeio quando não está por perto
E o fato de não me ligar
Mas eu odeio principalmente
Não conseguir te odiar
Nem um pouco
Nem mesmo por um segundo
Nem mesmo só por te odiar"

terça-feira, 7 de outubro de 2008

Linda

Amo quando me chama de linda
quando leio, parece palavra nova
inventada só pra mim

Linda...
pergunto-me porque me chama assim
fico pensando se para vc sou especial
ou se sou mais um projeto experimental

Linda...

Que palavra divina...
distinta...
Nunca tinha reparado
Engraçado...
Teoria da relatividade

"E" é igual
amar não faz mal
"m" vezes
O amor tem seus prazeres
"c" ao quadrado
o amor exige cuidado
e no final tudo é relativo
Mesmo que não seja decisivo
Teoricamente, o amor é um risco.
Mas amar é preciso!

Beijo


Beijo

Sorvete de maçã

Um cheiro no pescoço

Café da manhã

Cheiro de sol

Peço um pão de ló


Beijo

Sorvete de napolitano

E o vento refrescando

Aconchego da tarde

Um beijo que arde


Beijo

Sorvete de morango

Cócegas

Mãos com certos ângulos

Percorrem o corpo

Deslizam. O gozo.

Peço mais um biscoito.

domingo, 28 de setembro de 2008

O que queres de mim?

não me perguntes o que tu és pra mim
porque já não sei dizer
como posso saber?
tu sabes muito de mim
mas o que eu sei de ti?

não sei o que acontece a tua volta
tua vida é uma icógnita
suas atitudes me confudem
engana meu mundo,
cansado de ilusão nos meus olhos fundos

E o silêncio?
Não sei mais,
nem sei se quero descobrir certas coisas
nem sei se quero ouvir certas coisas
nem sei se quero ser poesia
nem sei o que tem valia
não sei de mais nada
estou errada?
Bons tempos

Estou aqui sentada, calada, sozinha
Lembro dos tempos daquelas rimas
De uma voz bem distante me dizendo poesias
Ainda sinto o cheiro do lírio lírico
Das loucuras de um efêmero destino

Tempos doces demais,
Que talvez não voltem jamais
Porque o lírio fechou suas pétalas
Enjoou do doce, adormeceu a rima
Dissipou as poesias
Ah que saudade daquelas liras!

sábado, 27 de setembro de 2008

Carta resposta

Estou sem verbo
palavras
falas
frases
rimas
poesias
pensamentos
desejos
inspiração
emoção
calor
tentação
vaidade
vontade
Estou tirando férias de mim.

terça-feira, 23 de setembro de 2008

Ausência

Não queria lhe perguntar o que houve...
Ou o porquê de sua ausência
Detesto dramas desnecessários, prefiro os choros necessários...
Mas não irei insistir na sua presença
Imagina... eu, pobre amiga
nem deveria...
Mas se for de valia, recolherei minha poesia
e farei o tempo do esquecimento
apagarei a memória
e o que nasceu aqui dentro
no mais, sou palavras ao vento

domingo, 21 de setembro de 2008


Tela

Sentei, olhei a tela
nenhuma pintura poética...

Na certa, despertou do encanto
Desistiu da cena, amor de vidro
Caco sem satisfações ao lírico

Até que ponto foi verdade?
Foi apenas vaidade?
Quem sabe...
Quem sabe...
Tintura escorrendo na tela, disfarce.
Silêncio

Deixa disso homem
Fala baixo
Engole a idéia
Lá se foi a velha.
Sua Garoa

Nua
Sua
na lua
é a chuva.

"t"

sábado, 20 de setembro de 2008

Uma senhora

A morte acomete a sorte
Minha vitalidade já não é forte
O sopro da vida ela engole

O tempo esparrama sua fúria
Seu tic-tac é uma angústia
Definha, adormece, enlouquece

Um ar sopra o peito apertado
Comprimindo a esperança, amargurado
Contam-se os instantes para o esperado

A cor já não é negra, é cinza
Virou pó, para as lavas, farinha
Continuação do ciclo da vida

...
Hoje, agora

uma gota, o medo, o fardo
o peso, a medida, a dor
tristeza desmedida de inócuo sabor

o corpo cansado, mente anestesiada
sorriso sugado por uma enseada
a vida correndo sem sentir nada

minto, eu sinto
um sentir do gosto de absinto
sem ser deusa nem Diana
o gosto amargoso da chama

os trapos, os farrapos espalhados no quarto
o escuro detrás da porta me ameaça em volta
transborda um maniqueísmo entre o espelho e a porta
dualismo do reflexo com a hora

a imagem, pouca luz, pouca fala
o abstrato do meu tato indaga
o valor intrínseco da moral n'alma
só a lágrima que afaga minhas mágoas

A mulata

Dizem da mulata e seu bumbum saliente
Sonham com seu gingado e seu olhar envolvente
Pescam seu sorriso, invadem seus sonhos
Descobrem seus pontos fracos, deixando-a mole no canto
Bebem do seu encanto, adentram em seus planos
E fazem as malas.
A mulata é mais que cor, forma e calor
A mulata é mulher.
Ela tem amor.

Construção poética

E eu venho escrevendo em um pergaminho
Com minhas letras rudimentares e primitivas
Tenho feito da minha mente um laboratório
Onde os meus neurônios, impacientes, se digladiam
Por vezes, são inimigos, conciliados são poemas

Assim percorro vales mentais desconhecidos
Apegando-me aos menores resquícios de frases e versos
Vasculho meu cérebro na busca de novas sementes
Escondo debaixo do tapete a ignorância impertinente
Ondas racionais em consonância com o menor delírio

A cada dia assassino um raciocínio em arrogância
Pois minha discreta inteligência traz-me desconfiança
Na incerteza no que minha percepção atesta
Num ponto de vista que caprichoso, me cega
Nos conflitos infinitos causados por uma idéia

Nem os meus sonhos estão livres das palavras
Mesmo quando durmo minhas engrenagens estão empenhadas
E quando consigo compasso de raciocínio acelerado
Dou-me ao luxo de fazer brincadeiras com rimas
Descuidada, imprecisa, fazendo-as nem pobres nem ricas

E no fundo de um poço pesco desobediência
Quebro regras, xingo a forma e a métrica dos versos
Sem pagar nada, apelo para o serviço da licença poética
Arranho letras, monto pensamentos como quebra-cabeças
No final, já não me preocupo com as peças que faltam.

Encarrego o tempo, aliado, para esse achado.

Conselho


O melhor é a amizade
E que assim seja!
Bons conselhos foram feitos para serem ouvidos.
E os ouvidos para ouvir o que se quer.
O próximo passo é um esparro.

Te vi


Te vi na realidade imprópria
Reinada pelos deuses da discórdia
Inimigos do coração
Destruidores da paixão
Levaram vc p/ longe de mim
Distante do meu corpo sem memória de ti

Só sei que te vi
Sem poder, sem querer sentir
Esse sentimento devastador
Causador da minha dor
E por agora, dispenso as lágrimas
Engulo o choro, acorrento as magoas.

Enredo


Permita-me leitor um questionamento,
Dúvida produzida pelo sofrimento
Por que sentimos medo?

Participamos de um esdrúxulo enredo
Ensaiado no palco da vida
Somos protagonistas dessa sina

Fantoches do destino tirano
Fantasiando ser humano
Somos personagens da Divina Comédia
Um pouco filhos de Dante, uma idéia

Mas por que sentimos medo?
Se somos enredo?
Escravos do destino e do tempo?
A mercê dos deuses e seus temperamentos?

Não preocupar-nos-íamos com os contra-tempos
Porque somos idéia, poesia, comédia
Interpretar é nossa moléstia!



...

quinta-feira, 18 de setembro de 2008


Defina amor




Defina amor, fui questionada,


Respondi: não existe palavra, verso ou poesia que defina


Sinta e saiba do que é capaz


Perceba os sintomas casuais


Pensar na pessoa todos os dias


Desejar sua companhia


Sonhar com olhos abertos ou fechados


Fazer planos para estar ao seu lado


Preocupar-se.


Dedicar-se.


Não existe: Eu amo... e sim eu AMO!


Se não for assim, é puro engano!



Para o amor não existe barreiras


Fronteiras


Cordilheiras


Muros ou muralhas


Para o amor existe a coragem


Vontade


Viagem


Determinação


Luta.


E muita loucura!



A carta




Papel, tinta e palavras


Precisava escrever-te uma carta


Para falar


Dos meus sentimentos


Do meu silêncio


Da minha solidão



Por aqui, surgem-me falsos amores


Que me causam dissabores


E eu insistindo em seu nome


Desejo a sua presença


Cultivando a minha inocência


Criando-me experiência no amor


Talvez esta seja a última carta


As últimas palavras


Vindas da minha consciência alucinada.


Talvez eu te ame só por hoje


E por anos esconda minhas dores


Só pra que eu me sinta livre.


Quero agora esquecer-te.


Deixe-me.


quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Linda

Amo quando me chama de linda
quando leio, parece palavra nova
inventada só pra mim

Linda...
pergunto-me porque me chama assim
fico pensando se para vc sou especial
ou se sou mais um projeto experimental

Linda...

Que palavra divina...
distinta...
Nunca tinha reparado
Engraçado...


Mãe África




Senhora das savanas


Protetora das tribos africanas


Amiga das pretas de secas mamas


Mãe que agüenta todos os sofrimentos


Vê seus filhos sem pão ao relento


Heroína vencida dos desertos


Seu povo clama pela fonte da vida


Imploram por correntezas sem ira


Ventos frescos para acalentar as feridas


Esperam que a mãe não seja madrasta


Apenas desejam uma realidade menos drástica


Vencer a agonia e a fome que pirraça


Liberta-se do castigo da desgraça


Da fome que ameaça.

terça-feira, 16 de setembro de 2008


Espelho



Só eu posso entender seus símbolos


Decifrar seus versos enantimorfos


Frases com ilusão de ótica


Que moldam o espelho da su’alma


Trazem em verbos a sua fala


Uma fala muda para os meus ouvidos surdos


Mas um som nítido para os meus sonhos


Canções perfeitas para os olhos.


sexta-feira, 12 de setembro de 2008


Sem você


Sua ausência é minha loucura
Sua mudez me deixa nua
Nua de pensamentos
Nua de inspiração
Meus versos perderam o sentindo
O ombro amigo
Que sempre me foi abrigo
Devo me calar então
Ou melhor não?
Minhas linhas estão tortas
Minha tinta já não me importa
Deixo a página em branco
Decido: esqueço o encanto.

terça-feira, 9 de setembro de 2008


Carnavais



Amores de outros carnavais


Despertam vendavais,


Meu caro...


É só jogar alguns festins


E gastar um pouco do seu latim...


Abusar do seu gingado


Sem muito sapateado


Basta querer seduzir


Deixar uma bela frase fluir


Escolher uma fantasia


Vestir mil cores em alegria


E os amores de outros carnavais


Terão ares atuais!

quinta-feira, 4 de setembro de 2008


Reflexão


A poesia suprime a necessidade

de que algum dia eu venha sentir saudade.

Será essa a verdade?

Homem mistério

Uma sobretudo, um chapéu
Lá vem ele misterioso
Parece que saiu de um livro de cordel
Todo heróico e glorioso
Num passo apressado, silencioso
Cheio de segredos...
Desejos...
É tão lindo de se olhar
Um único sorriso me faz sonhar...

- um olhar feito de ilusão; um sorriso que não posso alcançar-

A besta



Qual o limite da maldade?
O extermínio da bondade?
Que frialdade!
Um Fritzl frívolo
Com se rosto demoníaco
Mente perversa de maníaco
Alma feita de podridão
E de Deus não merece perdão

Que Deus seu compadeça de Elisabeth
Dando-lhe a tranqüilidade que merece
E que o homem cumpra seu papel
Faça valer as leis da terra e céu
Na justiça contra o mal
Calabouço ao Fritzl, o bestial!

domingo, 31 de agosto de 2008


Amor impossível

Ah, meu amigo
Estou perdida
Já não sei o que fazer da vida
Estou viciada nas suas músicas rimas
Que soam de sua lira

O que tu fizeste com meu coração?
Parece tentação!
Ponho-me a sofrer
E temer...
Por que não posso te ter?

Vivo afogada em ilusão
Em palavras que vêm e vão
E não me trazem você
O que posso fazer?!
Penso que estou louca
Minha mente está rouca
De tanto gritar seu nome
E você não aparece, sua lembrança some
Deve ser dos deuses maldição
Amor impossível, desilusão

Sai de dentro de mim!
Isso precisa ter um fim?
Não sei se quero...
O que espero...
O que me prende a você
Pra mim o melhor é morrer...

Rabisco



Tudo de imediato


É o que me vem no ato


O sonhado não é fato


Só expressa um desabafo


Num poema em farrapo


Com cheiro de quarto sujo


Razão acomodada


Pensamento é entulho


Tralhas ditadas


Palavras devoradas


Íntimo abstrato, cai no meu telhado...


[e some;e acumula;e borra;e dói!]

sábado, 30 de agosto de 2008


Sonho perfeito

Abra os olhos.
Fique bem acordado.
Atravessei o continente
Pra estar ao seu lado

Segure a minha mão
Acolha-me em seus braços
Pode me ver então?
Tu me sentes ou não?
Meu olhar te cheira
Te acaricia...
Teus lábios me contam poesia
Ao pé do ouvido
Eu fico boba, rindo...

Teu olhar fita o meu
Meu corpo junto ao seu
Lábios de sentimento
Sonho perfeito.

Receita

Um punhado de palavras
Entre doces e salgadas
Com amor acrescento mel
Mas se não houver cuidado
E colocar ingrediente errado
Amarga como fel

Mexo para dar liga
Coloco parênteses e vírgulas
Experimento pra ver se tem rima
Coloco um tempero pra ver se anima
Pouco a pouco adiciono o sal
Misturo tudo com as mãos
Sinto que gosto não é nada mal
Mas ainda faltam os pontos de grãos
A receita é um inventário de ambrosia
É gosto de letras em harmonia
Cheirem, salivem e sintam!
Saboreiem a poesia!

O pensamento

[ me fecho em mim mesmo ]
[ não deixo que abram]
] se abrem [ [ eu fecho]
[ se fecho ] [ não abro]

Retrocesso

Um retrocesso sucedeu
E quase ninguém percebeu
Todos fazem pouco caso
Lançam a vida ao descaso

A fome não tem mais vez
Vítima do descuido, insensatez
Lá vem um pobre, um miserável
Diante de muitos mais um ser contável
Que vira dado pra estatística
Principalmente pra política
Complexo irritante dos despreocupados
Vivem a vida, descompensados.

Vida vazia

Estou com o pé na estrada
Minha sorte é fatigada
Meu caminho é contramão
Jogo-me no tempo da escuridão

Sou um triste peregrino
Procurando um destino
Mesmo que eu acabe num abismo
Talvez assim seja o fim do suplício
Que me lança em precipício

Eu só quero a salvação
Fugir dos demônios que vem e vão

Sou mais uma vida de retirante
A caminhar pra terra distante
Apostando na sorte malvada
Na esperança de um nada,
Mórbida ilusão...
Causa-me angústia, indignação
Um pulo impreciso.
Um último risco.
É sofreguidão,
Suspiro vencido,
A maldição!

Profissão poeta

Como viver de poesia
Desfrutar dessa magia
E um novo mundo criar
E poder se realizar?

Como enfrentar a própria sorte
Resistindo sempre forte
À essa realidade maquiada
Onde a arte é escorraçada
Vivendo um morre ou não morre?

Ser poeta exige coragem
Pra carregar pesada bagagem
De desespero na incompreensão
Do mundo que te nega valorização.

Paisagem discreta

Lá em casa tem uma janela,
Dá vista pro mar,
Não canso de olhar
Os ventos que vem de lá
Aquela brisa serena
Com gosto de sol molhado
Torno-me tão pequena
Diante desse imenso interminável

Na minha porta tem areia
Fofinha pra eu sentar
De lá eu vejo as ondas
E conto as estrelas do mar
Muitas formam fileiras
Deitam na praia inteira
Para areia enfeitar

Dou alguns passos, chego ao mar
Sinto a água meus pés molhar
E o vento me acaricia suave a me dengar
Meu corpo cede, o mar me envolve
Sou cria para ninar
Sou filha tua, Iemanjá.

Por um instante...


Amigo poeta
Sua amiga discreta
Encantou-se por ti
Foi por um instante...

Foi por um instante...
A lembrança que não durou
Mas parece existir
E persistir
E perseguir

Foi por um instante um carinho tão sincero
Um futuro tão incerto
Necessidade inconstante
De um momento
Um instante...

Foi por um instante....
Amizade iniciante
Num espaço tão distante
Foi poeta que ficou
Meu amigo escritor
Amizade teve cor
No passado que chorou
Por não mais te ter

segunda-feira, 25 de agosto de 2008


Lembrança de um amor


Desconhecida sombra
Que perturba minha calmaria
Você pode achar minha mente vazia
Mas tenha certeza que meu coração é imensidão
Calor, sentimento e paixão
Cheio de amor que não pode ser
Mas o que posso fazer?
Entregar-me ao amor cheio de nuança?
Feito de distância?
Com pitadas de desconfianças?
Enxergo muito mais que dois palmos a frente do nariz
Reconheço os erros que fiz
Eu só não quero mais sofrer
Sonhar com o que não pode acontecer
Vou deixar tudo por conta do esquecimento
Tentarei buscar em outras paisagens novos momentos
Vou apagar a lembrança que existiu
Juntarei os pedaços do coração que se partiu
E nunca mais sonharei amores perfeitos
Irei acostumar-me com os defeitos

A garota e o sapo


Um sapo pulou minha janela
Eu disse: Não sou princesa!
Ele respondeu: Mas é uma bela realeza!
Eu: quem é você pra entender de beleza?
Sapo: Donzela, quanta gentileza...
Eu, irritada: Você me causa náusea!
Sapo: Você é jóia rara!
Desisto e beijo o sapo.
Deu tudo errado.
Descobri a beleza do danado
O sapo é um príncipe de outra dimensão
Que escreve versos por diversão

domingo, 24 de agosto de 2008


Cálice

Um cálice de sangue
O assoalho velho que range...
Perturbando o degustar do desespero
O beber do líquido vermelho
Que revela a alma por inteiro

É como ver seu passado no espelho
Adentrando os próprios mistérios
A descobrir milhares de infernos
Da consciência que te mente
Num camuflar impertinente
Um labirinto de ilusão
O gosto do sangue é podridão!

Possível?


O impossível é nosso possível
Como viver nas estrelas
Se a gravidade nos puxa impiedos?a
Não posso ser Cinderela
Não posso ser dona de rosas
Nem dona do perfeito jasmim
E agora?
O que será de mim?

domingo, 17 de agosto de 2008


Menino no chão


Um fio de sono

Fome, frio e abandono

Sorte no desgosto

sofrimento no rosto

menino de osso

no fundo do poço

sem grão, sem caroço

talvez um coração

futuro furtivo nas mãos

A Revolta


Hoje o vento mostrou os dentes

Como um deus zangado, impaciente

Revirando tudo para cima

Num carrossel de cavalos alados

Devorando árvores e gente


Descobrindo o que estava coberto

Revelando as raízes e pecados

Do que era imutável, enterrado

Castigando as montanhas e riachos


Hoje as núvens despencaram do firmamento

Chovendo raios de fogo e lúz

Num grito monstruoso, um estrondo

Transformando vapor em pedras de gelo

Solidificando aos mortais o medo


Hoje, a terra se afogou

A água que era mansa e contida

Violentamente enfurecida

Levou as migalhas que sobrou


Hoje, a revolta dos elementos

Mostrou o homen a verdade, o absoluto

O canvas da vida foi pintado e dividido

Em terra, em água, em ar e em fogo

Materialização de um espírito invisível
Por Ian



Amor platônico


Como posso amar?

Sem saber onde ou como meu amor está?

Não sei seu passado, seu presente e nem sonharei o seu futuro...

Será que ele está no fim do mundo?


Talvez eu não saiba cultivar amor platônico

Mesmo que não seja de latão

Mas me afoga em ilusão

É ouro em palavras

Todavia, me faz ficar brava

Pela certeza do não


Meu coração clama calor

E se parte em dor

Na sua ausência matéria

Na sua aparência incerta

Na sombra que te constrói


Se não posso te ter

Quero ao menos te ver

Sentir sua imagem

Feito paisagem

Que irei pendurar na parede da minha mente

Em meu coração fervente

Frenesi.

Prostituição


ESTÚPIDA, PUTA

Na sarjeta, numa rua

De vergonha semi-nua

Se chama política corruPUTA

Se vende pro diabo

Engana até o encourado


IGNORANTE, VADIA

Esconde dinheiro na calcinha

Usa em branco colarinh(a)

E num ato de deplorável

usa o povo miserável

em abuso, covardia!

Para toda sua orgia!

Caixinha de Pandora - Parte I


A curiosidade me aguça

Descobrir, exige astúcia

Mas que isso, ousadia

O não saber me traz agonia


Preciso desvendar esse mistério!

Sou capaz de qualquer coisa, falo sério!

Não se trata apenas de curiosidade

Também é sede de novidade


Quero abrir essa caixinha

Me disseram: Não abra!

Estou sozinha...

Meus dedos se mechem de emoção

Seguro a caixinha em minhas mãos...

Verdade de doido

Loucura inexorável
Psicanálise desconfiável
Dentro de todos existe sanidade
De certo também insanidade
Verdade de doido
É ser normal
Humano pecado descomunal
Verdade de doido
É ser diferente
Falar realidade pra muita gente
Verdade de doido
É ser feliz
Viver no intento de aprendiz
Verdade de doido
É ser engraçado
Falar demais, entusiasmado
Verdade de doido
É ser real
Viver no mundo em vendaval.

Andes

(Tempo não demores)


Eu sou para meu amor sem forma

Eu sou para meu amor uma idéia

E sou mais eficáz que a pobre matéria

Sou fogo que queima em quiméras


Quem me dera...


Sou o vento para meu amor

Sou a cor dos seus sonhos, sou aquarela

Sou seu suor, sou sua sombra

Meus pensamentos tem asas de condor


Ainda assim, estou com ela...

Até que as frutas amadurecam

Até que as estrelas se afirmem

Até que os mares se evaporem


Tempo é o seu irmão

Habitante de outra dimensão

Amor, não era amor, antes dela

Mulher das estrelas amar'ela

Ilha dos mares de crital

Livre da chave de mandala

Incondicionalmente bela

Sincera paisagem, sentimental


Aí de mim,


Minhas cordilheras são tão altas

Mas, não como a do meu amor

Onde o sol se ajoelha

Onde invejam-se as sereias da Bahia


A distancia me salva do desatino

A sal da minha boca marinho

Meu sangue ferve como lava
Mas,
adormecido por agora, penso

Sou como um vulcão andino


Por Ian

Tempestade



No canto do quarto


de joelhos, descalçoem sua face chovem gotas


que escorrem em suas roupas


afogado, morre então


triste fim de um menino


mais um despercebido na multidão.

Poeta Pintor


Desenho mosaicos coloridos de poesia

De cores vibrantes que cintilam

Sobre a tela pincelo palavras

Todas de formas bem niveladas

Cada tom inspira uma rima

De riscos em riscos, a arte se anima



Na tela mil cores pintadas

Um arco-íris de frases inspiradas

É paisagem bem trabalhada

Em cada vírgula desenhada

Um Picasso no mundo dos poetas

É arte da escrita surgindo nas telas



Esboço de traços no quadro, eu faço

Desenho poemas em todo espaço

Preciso de um brilho na moldura

Uma tinta misturada com ternura

Crio um sentimento assombreado

Eu pinto emoções no tom rimado

Relógio tico-teco

Tico-teco desparafusado
Faz um barulho muito engraçado
No início não dá pra entender
É um tic-tac de ensurdecer
O barulho espanta o tempo
O tempo corre o dia inteiro
É o ponteiro rodando apressado
É a vida acontecendo pra todo lado
De segundos passam-se os minutos
É assim o tempo em todo mundo
De minutos passam-se as horas
A vida vivendo sem demora
É contagem progressiva
Tic-tac em toda esquina
É o destino com o pé na estrada
Corre o tempo
Passa a vida
O tempo corre
A vida viaja
Tico-teco desesperado
Tic-tac desconcertado.

Cinco passos


Vi um olhar envolvente

Surgiu um sorriso

Um passo à frente



Vi um semblante contente

Surgiu um arrepio

Dois passos à frente



Vi um querer bem gritante

Surgiu um delírio

Quatro passos adiante



Vi um sorriso ardente

Surgiu um suspense

Três passos à frente



Vi um lábio calado

Surgiu um beijo

Quinto passo apertado.

Ópera (Des)afinada

As palavras constituem a Ópera
As letras são as notas
De músico a poeta
Escrever é o que nos completa
Ninguém é bom ou errado
Podemos ser desafinados
Sentimos apenas a criação
Poder da mente sobre as mãos
Somos poetas descuidados
Em busca de um texto afinado

Lição

Depois da tormenta vem a calmaria.
Sabe por quê?
Porque para toda tempestade existe um dia ensolarado,
Sempre o escuro vira luz e a noite se faz dia
Sempre existirá a chance de recomeçar
Sempre existirá alguém para amar
Depois do parto, vem a vida
Depois do cansaço, vem o sono
Após a dor, o alívio
Após um erro, a lição
Após a dúvida, a decisão
Após a necessidade, a gratidão
Após o rancor, vem o coração
Para a maldade, vem a união
Para toda morte, vem o descanso
Para todo sofrimento, existe a fé
E depois do impossível, há esperança...
Se Deus quiser!

Infância

Acordo com florir da aurora
Corro pra varanda sem demora
O vento me refresca
Um invisível misterioso
O quente do sol meu rosto cora
Não vejo o tempo, não existe hora
Brinco entre flores e borboletas
Sinto o cheiro de tantas belezas!!!
Manifesto amor pela natureza
Corro na grama de pés descalços
Sentindo o chão passo a passo
Nesse momento a infância me abraça
Dura o infinito o tempo não passa
Faço um pedido, o tempo pára
Desejo atendido, sorte rara!

Eu, aprendiz



Sou aprendiz de poeta
Com toda ousadia do mundo
Num sentir profundo
Não tenho técnica, não sigo regras
Minha poesia é de beleza incerta
Talvez seja um pouco brega

Não tenho escola literária
Pra minha poesia arbitrária
Só tenho caneta e papel
Rabisco e rabisco
Num escrever ao léu

Minha poesia é ensaio
Um tipo de escapismo
Sem nenhum lirismo
Disfarço e me esvaio

É meu pensamento que escreve
Porque meu cérebro ferve
Em idéias que não tem fim
Que não cabem em mim!