domingo, 31 de agosto de 2008


Amor impossível

Ah, meu amigo
Estou perdida
Já não sei o que fazer da vida
Estou viciada nas suas músicas rimas
Que soam de sua lira

O que tu fizeste com meu coração?
Parece tentação!
Ponho-me a sofrer
E temer...
Por que não posso te ter?

Vivo afogada em ilusão
Em palavras que vêm e vão
E não me trazem você
O que posso fazer?!
Penso que estou louca
Minha mente está rouca
De tanto gritar seu nome
E você não aparece, sua lembrança some
Deve ser dos deuses maldição
Amor impossível, desilusão

Sai de dentro de mim!
Isso precisa ter um fim?
Não sei se quero...
O que espero...
O que me prende a você
Pra mim o melhor é morrer...

Rabisco



Tudo de imediato


É o que me vem no ato


O sonhado não é fato


Só expressa um desabafo


Num poema em farrapo


Com cheiro de quarto sujo


Razão acomodada


Pensamento é entulho


Tralhas ditadas


Palavras devoradas


Íntimo abstrato, cai no meu telhado...


[e some;e acumula;e borra;e dói!]

sábado, 30 de agosto de 2008


Sonho perfeito

Abra os olhos.
Fique bem acordado.
Atravessei o continente
Pra estar ao seu lado

Segure a minha mão
Acolha-me em seus braços
Pode me ver então?
Tu me sentes ou não?
Meu olhar te cheira
Te acaricia...
Teus lábios me contam poesia
Ao pé do ouvido
Eu fico boba, rindo...

Teu olhar fita o meu
Meu corpo junto ao seu
Lábios de sentimento
Sonho perfeito.

Receita

Um punhado de palavras
Entre doces e salgadas
Com amor acrescento mel
Mas se não houver cuidado
E colocar ingrediente errado
Amarga como fel

Mexo para dar liga
Coloco parênteses e vírgulas
Experimento pra ver se tem rima
Coloco um tempero pra ver se anima
Pouco a pouco adiciono o sal
Misturo tudo com as mãos
Sinto que gosto não é nada mal
Mas ainda faltam os pontos de grãos
A receita é um inventário de ambrosia
É gosto de letras em harmonia
Cheirem, salivem e sintam!
Saboreiem a poesia!

O pensamento

[ me fecho em mim mesmo ]
[ não deixo que abram]
] se abrem [ [ eu fecho]
[ se fecho ] [ não abro]

Retrocesso

Um retrocesso sucedeu
E quase ninguém percebeu
Todos fazem pouco caso
Lançam a vida ao descaso

A fome não tem mais vez
Vítima do descuido, insensatez
Lá vem um pobre, um miserável
Diante de muitos mais um ser contável
Que vira dado pra estatística
Principalmente pra política
Complexo irritante dos despreocupados
Vivem a vida, descompensados.

Vida vazia

Estou com o pé na estrada
Minha sorte é fatigada
Meu caminho é contramão
Jogo-me no tempo da escuridão

Sou um triste peregrino
Procurando um destino
Mesmo que eu acabe num abismo
Talvez assim seja o fim do suplício
Que me lança em precipício

Eu só quero a salvação
Fugir dos demônios que vem e vão

Sou mais uma vida de retirante
A caminhar pra terra distante
Apostando na sorte malvada
Na esperança de um nada,
Mórbida ilusão...
Causa-me angústia, indignação
Um pulo impreciso.
Um último risco.
É sofreguidão,
Suspiro vencido,
A maldição!

Profissão poeta

Como viver de poesia
Desfrutar dessa magia
E um novo mundo criar
E poder se realizar?

Como enfrentar a própria sorte
Resistindo sempre forte
À essa realidade maquiada
Onde a arte é escorraçada
Vivendo um morre ou não morre?

Ser poeta exige coragem
Pra carregar pesada bagagem
De desespero na incompreensão
Do mundo que te nega valorização.

Paisagem discreta

Lá em casa tem uma janela,
Dá vista pro mar,
Não canso de olhar
Os ventos que vem de lá
Aquela brisa serena
Com gosto de sol molhado
Torno-me tão pequena
Diante desse imenso interminável

Na minha porta tem areia
Fofinha pra eu sentar
De lá eu vejo as ondas
E conto as estrelas do mar
Muitas formam fileiras
Deitam na praia inteira
Para areia enfeitar

Dou alguns passos, chego ao mar
Sinto a água meus pés molhar
E o vento me acaricia suave a me dengar
Meu corpo cede, o mar me envolve
Sou cria para ninar
Sou filha tua, Iemanjá.

Por um instante...


Amigo poeta
Sua amiga discreta
Encantou-se por ti
Foi por um instante...

Foi por um instante...
A lembrança que não durou
Mas parece existir
E persistir
E perseguir

Foi por um instante um carinho tão sincero
Um futuro tão incerto
Necessidade inconstante
De um momento
Um instante...

Foi por um instante....
Amizade iniciante
Num espaço tão distante
Foi poeta que ficou
Meu amigo escritor
Amizade teve cor
No passado que chorou
Por não mais te ter

segunda-feira, 25 de agosto de 2008


Lembrança de um amor


Desconhecida sombra
Que perturba minha calmaria
Você pode achar minha mente vazia
Mas tenha certeza que meu coração é imensidão
Calor, sentimento e paixão
Cheio de amor que não pode ser
Mas o que posso fazer?
Entregar-me ao amor cheio de nuança?
Feito de distância?
Com pitadas de desconfianças?
Enxergo muito mais que dois palmos a frente do nariz
Reconheço os erros que fiz
Eu só não quero mais sofrer
Sonhar com o que não pode acontecer
Vou deixar tudo por conta do esquecimento
Tentarei buscar em outras paisagens novos momentos
Vou apagar a lembrança que existiu
Juntarei os pedaços do coração que se partiu
E nunca mais sonharei amores perfeitos
Irei acostumar-me com os defeitos

A garota e o sapo


Um sapo pulou minha janela
Eu disse: Não sou princesa!
Ele respondeu: Mas é uma bela realeza!
Eu: quem é você pra entender de beleza?
Sapo: Donzela, quanta gentileza...
Eu, irritada: Você me causa náusea!
Sapo: Você é jóia rara!
Desisto e beijo o sapo.
Deu tudo errado.
Descobri a beleza do danado
O sapo é um príncipe de outra dimensão
Que escreve versos por diversão

domingo, 24 de agosto de 2008


Cálice

Um cálice de sangue
O assoalho velho que range...
Perturbando o degustar do desespero
O beber do líquido vermelho
Que revela a alma por inteiro

É como ver seu passado no espelho
Adentrando os próprios mistérios
A descobrir milhares de infernos
Da consciência que te mente
Num camuflar impertinente
Um labirinto de ilusão
O gosto do sangue é podridão!

Possível?


O impossível é nosso possível
Como viver nas estrelas
Se a gravidade nos puxa impiedos?a
Não posso ser Cinderela
Não posso ser dona de rosas
Nem dona do perfeito jasmim
E agora?
O que será de mim?

domingo, 17 de agosto de 2008


Menino no chão


Um fio de sono

Fome, frio e abandono

Sorte no desgosto

sofrimento no rosto

menino de osso

no fundo do poço

sem grão, sem caroço

talvez um coração

futuro furtivo nas mãos

A Revolta


Hoje o vento mostrou os dentes

Como um deus zangado, impaciente

Revirando tudo para cima

Num carrossel de cavalos alados

Devorando árvores e gente


Descobrindo o que estava coberto

Revelando as raízes e pecados

Do que era imutável, enterrado

Castigando as montanhas e riachos


Hoje as núvens despencaram do firmamento

Chovendo raios de fogo e lúz

Num grito monstruoso, um estrondo

Transformando vapor em pedras de gelo

Solidificando aos mortais o medo


Hoje, a terra se afogou

A água que era mansa e contida

Violentamente enfurecida

Levou as migalhas que sobrou


Hoje, a revolta dos elementos

Mostrou o homen a verdade, o absoluto

O canvas da vida foi pintado e dividido

Em terra, em água, em ar e em fogo

Materialização de um espírito invisível
Por Ian



Amor platônico


Como posso amar?

Sem saber onde ou como meu amor está?

Não sei seu passado, seu presente e nem sonharei o seu futuro...

Será que ele está no fim do mundo?


Talvez eu não saiba cultivar amor platônico

Mesmo que não seja de latão

Mas me afoga em ilusão

É ouro em palavras

Todavia, me faz ficar brava

Pela certeza do não


Meu coração clama calor

E se parte em dor

Na sua ausência matéria

Na sua aparência incerta

Na sombra que te constrói


Se não posso te ter

Quero ao menos te ver

Sentir sua imagem

Feito paisagem

Que irei pendurar na parede da minha mente

Em meu coração fervente

Frenesi.

Prostituição


ESTÚPIDA, PUTA

Na sarjeta, numa rua

De vergonha semi-nua

Se chama política corruPUTA

Se vende pro diabo

Engana até o encourado


IGNORANTE, VADIA

Esconde dinheiro na calcinha

Usa em branco colarinh(a)

E num ato de deplorável

usa o povo miserável

em abuso, covardia!

Para toda sua orgia!

Caixinha de Pandora - Parte I


A curiosidade me aguça

Descobrir, exige astúcia

Mas que isso, ousadia

O não saber me traz agonia


Preciso desvendar esse mistério!

Sou capaz de qualquer coisa, falo sério!

Não se trata apenas de curiosidade

Também é sede de novidade


Quero abrir essa caixinha

Me disseram: Não abra!

Estou sozinha...

Meus dedos se mechem de emoção

Seguro a caixinha em minhas mãos...

Verdade de doido

Loucura inexorável
Psicanálise desconfiável
Dentro de todos existe sanidade
De certo também insanidade
Verdade de doido
É ser normal
Humano pecado descomunal
Verdade de doido
É ser diferente
Falar realidade pra muita gente
Verdade de doido
É ser feliz
Viver no intento de aprendiz
Verdade de doido
É ser engraçado
Falar demais, entusiasmado
Verdade de doido
É ser real
Viver no mundo em vendaval.

Andes

(Tempo não demores)


Eu sou para meu amor sem forma

Eu sou para meu amor uma idéia

E sou mais eficáz que a pobre matéria

Sou fogo que queima em quiméras


Quem me dera...


Sou o vento para meu amor

Sou a cor dos seus sonhos, sou aquarela

Sou seu suor, sou sua sombra

Meus pensamentos tem asas de condor


Ainda assim, estou com ela...

Até que as frutas amadurecam

Até que as estrelas se afirmem

Até que os mares se evaporem


Tempo é o seu irmão

Habitante de outra dimensão

Amor, não era amor, antes dela

Mulher das estrelas amar'ela

Ilha dos mares de crital

Livre da chave de mandala

Incondicionalmente bela

Sincera paisagem, sentimental


Aí de mim,


Minhas cordilheras são tão altas

Mas, não como a do meu amor

Onde o sol se ajoelha

Onde invejam-se as sereias da Bahia


A distancia me salva do desatino

A sal da minha boca marinho

Meu sangue ferve como lava
Mas,
adormecido por agora, penso

Sou como um vulcão andino


Por Ian

Tempestade



No canto do quarto


de joelhos, descalçoem sua face chovem gotas


que escorrem em suas roupas


afogado, morre então


triste fim de um menino


mais um despercebido na multidão.

Poeta Pintor


Desenho mosaicos coloridos de poesia

De cores vibrantes que cintilam

Sobre a tela pincelo palavras

Todas de formas bem niveladas

Cada tom inspira uma rima

De riscos em riscos, a arte se anima



Na tela mil cores pintadas

Um arco-íris de frases inspiradas

É paisagem bem trabalhada

Em cada vírgula desenhada

Um Picasso no mundo dos poetas

É arte da escrita surgindo nas telas



Esboço de traços no quadro, eu faço

Desenho poemas em todo espaço

Preciso de um brilho na moldura

Uma tinta misturada com ternura

Crio um sentimento assombreado

Eu pinto emoções no tom rimado

Relógio tico-teco

Tico-teco desparafusado
Faz um barulho muito engraçado
No início não dá pra entender
É um tic-tac de ensurdecer
O barulho espanta o tempo
O tempo corre o dia inteiro
É o ponteiro rodando apressado
É a vida acontecendo pra todo lado
De segundos passam-se os minutos
É assim o tempo em todo mundo
De minutos passam-se as horas
A vida vivendo sem demora
É contagem progressiva
Tic-tac em toda esquina
É o destino com o pé na estrada
Corre o tempo
Passa a vida
O tempo corre
A vida viaja
Tico-teco desesperado
Tic-tac desconcertado.

Cinco passos


Vi um olhar envolvente

Surgiu um sorriso

Um passo à frente



Vi um semblante contente

Surgiu um arrepio

Dois passos à frente



Vi um querer bem gritante

Surgiu um delírio

Quatro passos adiante



Vi um sorriso ardente

Surgiu um suspense

Três passos à frente



Vi um lábio calado

Surgiu um beijo

Quinto passo apertado.

Ópera (Des)afinada

As palavras constituem a Ópera
As letras são as notas
De músico a poeta
Escrever é o que nos completa
Ninguém é bom ou errado
Podemos ser desafinados
Sentimos apenas a criação
Poder da mente sobre as mãos
Somos poetas descuidados
Em busca de um texto afinado

Lição

Depois da tormenta vem a calmaria.
Sabe por quê?
Porque para toda tempestade existe um dia ensolarado,
Sempre o escuro vira luz e a noite se faz dia
Sempre existirá a chance de recomeçar
Sempre existirá alguém para amar
Depois do parto, vem a vida
Depois do cansaço, vem o sono
Após a dor, o alívio
Após um erro, a lição
Após a dúvida, a decisão
Após a necessidade, a gratidão
Após o rancor, vem o coração
Para a maldade, vem a união
Para toda morte, vem o descanso
Para todo sofrimento, existe a fé
E depois do impossível, há esperança...
Se Deus quiser!

Infância

Acordo com florir da aurora
Corro pra varanda sem demora
O vento me refresca
Um invisível misterioso
O quente do sol meu rosto cora
Não vejo o tempo, não existe hora
Brinco entre flores e borboletas
Sinto o cheiro de tantas belezas!!!
Manifesto amor pela natureza
Corro na grama de pés descalços
Sentindo o chão passo a passo
Nesse momento a infância me abraça
Dura o infinito o tempo não passa
Faço um pedido, o tempo pára
Desejo atendido, sorte rara!

Eu, aprendiz



Sou aprendiz de poeta
Com toda ousadia do mundo
Num sentir profundo
Não tenho técnica, não sigo regras
Minha poesia é de beleza incerta
Talvez seja um pouco brega

Não tenho escola literária
Pra minha poesia arbitrária
Só tenho caneta e papel
Rabisco e rabisco
Num escrever ao léu

Minha poesia é ensaio
Um tipo de escapismo
Sem nenhum lirismo
Disfarço e me esvaio

É meu pensamento que escreve
Porque meu cérebro ferve
Em idéias que não tem fim
Que não cabem em mim!