sábado, 20 de setembro de 2008


Construção poética

E eu venho escrevendo em um pergaminho
Com minhas letras rudimentares e primitivas
Tenho feito da minha mente um laboratório
Onde os meus neurônios, impacientes, se digladiam
Por vezes, são inimigos, conciliados são poemas

Assim percorro vales mentais desconhecidos
Apegando-me aos menores resquícios de frases e versos
Vasculho meu cérebro na busca de novas sementes
Escondo debaixo do tapete a ignorância impertinente
Ondas racionais em consonância com o menor delírio

A cada dia assassino um raciocínio em arrogância
Pois minha discreta inteligência traz-me desconfiança
Na incerteza no que minha percepção atesta
Num ponto de vista que caprichoso, me cega
Nos conflitos infinitos causados por uma idéia

Nem os meus sonhos estão livres das palavras
Mesmo quando durmo minhas engrenagens estão empenhadas
E quando consigo compasso de raciocínio acelerado
Dou-me ao luxo de fazer brincadeiras com rimas
Descuidada, imprecisa, fazendo-as nem pobres nem ricas

E no fundo de um poço pesco desobediência
Quebro regras, xingo a forma e a métrica dos versos
Sem pagar nada, apelo para o serviço da licença poética
Arranho letras, monto pensamentos como quebra-cabeças
No final, já não me preocupo com as peças que faltam.

Encarrego o tempo, aliado, para esse achado.

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